BRIGS e BRIGĀ (I)


Esta nova série de posts, posta ao dia doutros encetados mais nom rematados, vai adicada à distribuiçom e máis à evoluçom diacrónica dos topónimos galegos formados do céltico *brig- 'castro; monte; altura', derivado do grado zero do indo-europeu *bheregh- 'altura; montanha' (IEW: 140-141), elemento coa mesma orige que o germánico *burgz (gótico baurgs 'castelo, castro, cidadela, cidade', antigo nórdico borg 'cúmio, muralha, castelo, cidade', inglês antigo e saxom antigo e antigo alto alemám burg ‘lugar fortificado, castelo'), e que o avéstico *bərəz- 'high'. Do proto-céltico *brigs temos o antigo irlandês brí 'monte', no entanto o galês bre procede da forma derivada *brigā. (Matasovic s.v. *brig-).
Ao respeito da bibliografia empregada, a máis relevante compreende os trabalhos de Juan José Moralejo, continuador do trabalho do seu pai Abelardo Moralejo Laso, que conheço mais do que nom disponho. Tamém é de moito interesse a obra de Blanca María Prósper (nomeadamente o seu “Lenguas y Religiones...” do 2002), assi como a proposta de Villar verbo da evoluçom e orige de bri-. Tamém é interessante o artigo de Leonard Curchin, verbo da toponímia galaica pré-latina. Sei que hai estudos interessantes por outros autores como Búa, mais nom tivem acesso a eles.
Entre as referências máis gerais, onomásticas e linguísticas, temos de Falileyev o seu Dictionary of Continental Celtic Place-Names, no seu dia livre na web, hoje só é acessível o mapa; tamém o dicionário etimológico do proto-céltico, de Matasovic; o A Checklist of Proto-Celtic lexical Items de Ward; a Delamarre, co seu dicionário da língua gala, e sem esquencermos o The Oxford Introduction to Proto-Indo-European and the Proto-Indo-European World”, ou o IEW de Pokorny.
Para a epigrafia, empreguei os bancos de dados de Clauuss / Slaby e maís de Hispania Epigraphica.
Para a documentaçom antiga galega: CODOLGA, TMILG e Corpus Xelmirez, completado com documentaçom máis recentemente editada, como a colecçom diplomática do mosteiro de Santa Cristina de Ribas de Minho.
BIBLIGRAFÍA:
  • Bishko, Charles Julian (1984). “Spanish and Portuguese monastic history, 600-1300. London: Variorum Reprints. ISBN 0860781364.
  • Bouza-Brey, Fermín (1957)O Castro de Alobre e os contactos antre a Bretaña e a Galiza na época romana“, em “Homaxe a Florentino L. Cuevillas”. Vigo: Galaxia.
  • Búa, Carlos (2007)O Thesarus Paleocallaecus”. in Dieter Kremer (ed.) “Onomástica Galega”. Verba Anexo 58. Santiago de Compostela: USC. ISBN 978-84-9750-794-3.
  • CODOLGA = Corpus Documentale Latinum Gallaeciae 7 (2010). On-line aqui.
  • Curchin, Leonard A. (2008) Los topónimos de la Galicia romana: Nuevo estudio em Cuadernos de Estudios Gallegos LV (121): 109-136.
  • Delamarre, Xavier (2003) Dictionnaire de la langue gauloise” (2 ed.) Paris: Editions Errance. ISBN: 2-87772-237-6
  • Doçom = Fernández de Viana y Vieites, José Ignacio (2009) “Colección diplomática do mosteiro de San Pedro de Vilanova de Dozón”. Santiago: Consello da Cultura Galega. ISBN 978-84-96530-95-9.
  • Falileyev, Alexander (2007) “Dictionary of Continental Celtic Place-Names”. Aberystwyth University.
  • Ferreiro, Manuel (1999) Gramática histórica galega. I. Fonética e Morfosintaxe”, Santiago de Compostela: Edicións Laiovento, ISBN 84-89896-43-7
  • García Alonso, Juan Luis (2006).-Briga Toponyms in the Iberian Peninsula” em e-Keltoi Volume 6: 689-714 The Celts in the Iberian Peninsula © UW System Board of Regents ISSN 1540-4889
  • IEW = Pokorny, J. (1959) ''Indogermanisches etymologisches Wörterbuch”. Pode Consultar-se on-line em http://dnghu.org/indoeuropean.html.
  • Lugo XIV = Portela Silva, María José (2007)Documentos da Catedral de Lugo. Século XIV”. Santiago de Compostela: Consello da Cultura Galega. ISBN 978-84-96530-39-3
  • Martínez Lema, Paulo (2010).Aproximación lingüístico-etimolóxica á toponimia das comarcas de Xallas, Fisterra e Soneira” em Revista de Filología Románica (27): 237-262.
  • Matasovic, Ranko (2009)Etymological dictionary of proto-Celtic” Leiden: Brill. ISBN 978-90-04-17336-1
  • Moralejo, Juan J. (2007) Callaica Nomina. A Coruña: Fundación Barrié. ISBN 978-84-95892-68-3
  • Moralejo, Juan J. (2009) “Hidronimia prerromana de Gallaecia” em ONOMÁSTICA GALEGA II. Verba. Anexo 64. Santiago de Compostela: USC. ISBN 978-84-9887-490-7
  • Moralejo, Juan J. (2010) Topónimos Célticos en Galicia em Palaeohispanica (10): 99-111.
  • Oxford = Mallory, J. P. and D. Q. Adams (2006). “The Oxford Introduction to Proto-Indo-European and the Proto-Indo-European World”. New York: Oxford University Press Inc. ISBN 978-0-19-928791-8
  • Prósper, Blanca María (2002)Lenguas y religiones prerromanas del occidente de la península iberíca”. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca. ISBN 84-7800-818-7
  • Rodríguez Muñiz, Víctor (2010) “O Mosteiro de Santa Cristina de Ribas de Sil na Idade Média”. Ourense: Museo Arqueolóxico Provincial. ISBN 978-84-88522-28-3
  • Romaní Martínez, Miguel e Pablo Otero Piñeyro Maseda (2007)Pergaminos Irienses en los fondos de Oseira y Melón del AHN (Siglos XI-XII). Estudio y Edición” em Gallaecia (26): 347-363.
  • S XII-XIII = Souto Cabo, José Antonio (2008).Documentos galego-portugueses dos séculos XII e XIII”. A Coruña: Universidade da Coruña. ISBN 978-84-9749-314-7.
  • TMILG = Varela Barreiro, Xavier (dir.) (2004-): Tesouro Medieval Informatizado da Lingua Galega. Santiago de Compostela: Instituto da Lingua Galega. [http://ilg.usc.es/tmilg].
  • Untermann, Jürgen (2007)Topónimos y apelativos de la lengua lusitano-galaica”. in Dieter Kremer (ed.) “Onomástica Galega”. Verba Anexo 58. Santiago de Compostela: USC. ISBN 978-84-9750-794-3.
  • Vallejo Ruiz, José María (2009) “Viejas y nuevas cuestiones de lengua en el occidente peninsular: el lusitano y la onomástica” em Palaeohispanica (9): 271-289.
  • Ward, A. (1996). “A Checklist of Proto-Celtic lexical Items.” On-line no Scribd.
~o~o~o~
Como ponto a debate, e pese ás opinions de Untermann (2007) e Búa (2007), si penso que temos aqui um derivado do céltico *brig-s, segundo a conhecida proposta de Vilar (cf. Prósper 2002: 357-359). Os maiores reparos de Untermann penso que som discutíveis:
1º.- Untermann considera questionável que na Galiza romana houvera a um tempo formas derivadas de *-brig- e de *bri-, amossando dupla evoluçom simultánea dum mesmo étimo; porém, moitos dos topónimos que el considera derivados de *brig- som considerados por Prósper (2002: 373) como derivados adjetivais de *bri- formados cum sufixo -ko-. Por outra banda, eu considero que ambas formas podem ser atopadas numha distribuiçom complementar, espacial, que poderia ter a sua orige em diferenças dialetais, ou num distinto momento ou grao de romanizaçom dos diversos territórios da península. Em soma, na Galécia Lucense a forma dialetal preservada foi *brigs > *bris, com acusativo *-brim > *-bre. No resto da península, como no resto da Céltica (a nom ser Irlanda, outro território periférico), foi o feminino brigā, forma que Villar (cf. Prósper 2002: 359) e Unterman (2007: 61) consideram que se tinham expandido a expensas de *brigs, e graças a Roma.
2º.- Segundo Untermann (2007: 61), nom hai coincidência de primeiros elementos entre os compostos como -bri (para el, castros) e aqueles com -brigā (para el, oppida). Do meu ponto de vista, esta afirmaçom nom é correta. Um primeiro elemento *tal- forma parte de Talabriga e de Trove ( < Talobri); em Arcabriga e Alcovre ( < Arcobre) temos o elemento *arc-, também frequente em antroponímia; Setúbal ( < Kaitrobrix) e Ceçovre podem partilhar o primeiro elemento *kayto- 'bosque'; Seabra ( < Senabria), Xiabre ( < *Senabri) e Xabrega ( < Senabreca), compartem o primeiro elemento *senā-; e pode que Dessobriga ( < *Dexsobrigā) e Deixevre amossem o mesmo primeiro elemento, *dexs(i)wo- 'abaixo, à direita; bo'. É notável que as coincidências onomásticas som de facto com topónimos do ocidente da península ibérica, o que boga com brio a prol da hipótese de serem os formantes de topónimos -bre < -bri < -brim (ac. de bris) e -brigā < -brigām (ac. de brigā), termos equivalentes que se acham numha distribuiçom complementar, originada ou nom por um distinto grao de romanizaçom ou mesmo por umha máis longa supervivência da língua céltica na Galiza (como poderia sugerir mais nom provar um topónimo como Pantinhovre; note-se o nome germánico de Pantardo, bispo suevo de braga a fins do século VI).
~o~o~o~
Entremos em matéria. Como primeiro e único elemento, *brig- da moito diferentes topónimos, etnónimos e teónimos. Assi, baseado num derivado do tema *brigant- 'relevante, elevado/a', temos a cidade de Brigantia (onde hoje está a Crunha), os vários povos célticos chamados Brigantes, ou a deusa irlandesa Brigit. Como segundo elemento em compostos, é bem conhecido na geografia celta europea, presentando-se por exemplo os seguintes topónimos, todos eles recolhidos nas fontes clássicas e/ou na epigrafia latina. Nom incluo os casos galegos e do norte de Portugal, que som umha percentage do total (cf. Garcia Alonso 2006):
Na Galácia (actual Capadócia, em Turquia): Eccobriga.
Na Tarraconense: Augustobriga, Deobriga, Flaviobriga, Iuliobriga, Lacobriga, Mirobriga, Amallobriga, Arcobriga, Caesarobriga, Dessobriga, Nertobriga (Nertobis), Segobriga (Segobris).
Na Lusitánia: Augustobriga, Lac(c)obriga, Langobriga, Lerabriga/Ierabriga, Londobris, Me(i)dubriga, Longobriga, Brutobria, Mirobriga, Mirobriga, Caetobriga (Kaitobrix, hoje Setúbal), Caliabria, Talabriga, (Conimbriga), Arabriga, Caelobriga, Cottaiobriga.
Na Bética: Nertobriga, Turobriga.
No Sul da Alemanha: Boudobrica, Saliobriga, Artobriga.
Na Ucránia: Aliobrix.
Na Gália: Eburobriga, Litanobriga, Segobrigii.
Como antes já adiantei, na Galiza temos hoje, e tivemos no seu tempo, duas grandes variantes. A primeira vem representada por topónimos rematados em -briga > -bria > -bra, similar a Oimbra < Olimbria ou Biobra, ou no passado Nemetobriga, Talabriga, Tongobriga... Representa a nossa forma autóctone do que nos topónimos da França deu Brie ou -vre (cf. Delamarre 2003 s.v. briga). A segunda variante, e a máis prolífica no nosso país (Baralhovre, Cançovre, Lestrove, Ogrove...), deve-se à evoluçom fonética da forma *-brigs: por umha banda o nominativo *brigs deu > *brixs > -bris; pola outra, nos outros casos produziu-se a perda de /g/ intervocálico, remodelando-se o paradigma como umha forma temática em i (cf. Prósper 2002: 358). O resultado é umha série de topónimos hoje rematados em -bre/vre, ou -obe/ove, moito numerosos nalgumhas regions galegas, nomeadamente as terras ao redor do antigo Porto Magno dos Galegos Lucenses (as Rias Altas, pode que a própria ria do Burgo) e máis o val do rio Ulha, coas Rias Baixas. Estes nossos topónimos têm um notável referente no irlandês antigo brí 'monte' < PCl *brig-s, no entanto o galês bre continua *brig-ā.
~o~o~o~
Topónimos compostos cum segundo elemento -brig- ou -mbrig- na Península Ibérica
(link para a image no seu tamanho original) 
  •  As formas derivadas de *brigs som máis frequentes na Galécia Lucense, no entanto que as formas derivadas de briga som máis próprias da Galécia Bracarense e da Asturicense.
  • A abundáncia destes topónimos na Galiza pode obedecer tanto à permanência viva dumha ou várias línguas pré-latinas, mantendo-se a capacidade do elemento -bre para a formaçom de novos topónimos compostos, quanto à simples supervivência de topónimos pré-latinos nas áreas máis conservadoras e afastadas ou a diferentes padrons na distribuiçom populacional. 
~o~o~o~
Com respeito as formas actuais, som fundamentalmente de três tipos:
  • -bra: procedem de formas em acusativo de topónimos célticos rematados em -brigā.
  • -bre / -vre: procedem de formas em acusativo de topónimos célticos rematados em -bri: *-brim > *-brem > *-bre (oclusiva b) > -vre (aproximante β). Mais é possível tamém que alguns procedam de formas rematadas em -brigā.
  • -robe / -rove: procedem do mesmo tipo de topónimos, mais quando no primeiro elemento aparece um /r/, este tende a provocar a perda por dissimilaçom do segundo /r/. Assi: Ogrove < Ogobre < Ogrobre < *Ocrobrem.
~o~o~o~
A.- BRIGA E VARIANTES COMO PRIMEIRO ELEMENTO:
A.1.- +BRIGANTIA, +FARUM BRIGANTIUM:
Comecemos por Brigantia ou Farum Brigantium, a Crunha. O território do município ou civitas chegou a abranger as terras de Curtis e as instalaçons da Cohorte I Celtiberorum, em Ciadelha. Na Idade Média o topónimo caiu cedo em desuso, antes deixando os seguintes testemunhos:
'ecclesiam uocabulo Sancte Eolalie qui est iuxta farum Precantium que mihi incartarunt Frorentius presbiter, et nuncupant eam Carolio, et ecclesiam sancte Marie' (CODOLGA: Sobrado 966)
'in ualle de Faro Bregancio, uilla de Orria et ecclesia sancte Eolalie iuxta Faro, et nuncupant eam Carolio, et alia ecclesia sancte Marine' (CODOLGA: sobrado 971)
Temos outra Brigantia em Portugal cujo nome tem chegado até hoje, Bragança:
'concedimus vobis ad imperandum ecclesias quae sunt in Bregantia pro illo rivulo quod dicitur Tuella' (CODOLGA: Astorga 954)
A austríaca Bregenz era Brigantia em época Romana, e já dera o seu nome ao lago Brigantia, hoje lago de Constança. Idêntica orige devem ter Breganze (Véneto, Itália), Berganzo (País Basco), Briançon (nos Alpes franceses). Todos estes topónimos atopam-se em territórios historicamente célticos (Cf. Falileyev s.v. Brigantium, Delamarre 2003 s.v. Brigantion).

A.2.- BERGANTINHOS / BERGANTIÑOS:
A Comarca de Bergantinhos ocupava tradicionalmente as terras dos concelhos de Laracha, Carvalho e Coristanco, junto com partes de Arteijo. Malpica, Ponte-Cesso e Cabana formavam as terras de Seaia < Salagia ( < *Sāl-āw-yā 'A Salgada? = A Beira-mar?'), tamém usualmente incluídas nas terras de Bergantinhos. Etimologicamente este topónimo provem dumha forma *Brigantīnos, que ou bem pode ser latina e significar 'Os de Brigantium', ou bem ser puramente céltica e significar 'Os Reis, Os Príncipes' (galês braint 'prerrogativa', galês brenin e córnico brentyn, bryntyn 'rei' < *brigantīnos (cf. Matasovic s.v. *bringantīno-), derivando-se directamente de *brigo 'poder, força', donde o nosso brío.
'in Bregantinos scm. Uincentium ad Artiles. scm. Romanum in Uillanio.' (CODOLGA: Santiago 830)
'alias villas prenominatas, id est: in Bregantinos uillam Uillanium, Ualdani, Teudiscli, Inuolati et aliam Proami' (CODOLGA: Tombo A da Catedral de Santiago 924)

A.3.- BRAGANHA / BRAGAÑA e BERGANHA / BERGAÑA
Som possíveis derivados *brig-an-yā 'lugar alto(?)' (cf. Ardanha, que si de *Arduania, teria similar constituiçom e valor semántico) > *bregania > Berganha / Braganha (para /i/ > /a/ em sílaba inicial, cf. Bragança, ou o antropónimo Aldara < Hilduara; ver tamém Ferreiro 1999: 51-52):
Berganha / A Bergaña (36 hab.- Valdovinho, Crunha)
Braganha / Bragaña (63 hab.- Toques, Crunha)
Braganha / A Bragaña (3 hab.- Aranga, Crunha)
Braganha / A Bragaña (59 hab.- Cúntis, Pontevedra)
Braganha / A Bragaña (3 hab.- Palas de Rei, Lugo)
Barganhas / As Bargañas (3 hab.- Muras, Lugo)
Em Portugal:
Quinta do Berganho (Alijó, Vila Real)
A frequente presença do artigo sugere que esta foi palavra do léxico comum em época histórica.

A.4.- BRIALHOS / BRIALLOS
Possíveis evoluçons dumha forma derivada *brig-al-yos > *brialiu > briallos? (Só a nível elucidativo:e se de *brig-yal-yo '(Da) Cerca do Monte'? composto co proto-céltico *yalus 'cercado', cf. Ward s.v.)
Brialhos / Briallos (5 hab.- Pantom, Lugo)
Sam Cristovo de Briallos / Brialhos (440 hab.- Portas, Ponte Vedra)
Brialho / O Briallo (3 hab.- Cesuras, Crunha)
Brialho / O Briallo (15 hab.- Ponte-Cesso, Crunha)
Ao respeito destes topónimos é obrigado mencionar o epíteto toponímico BRIALEACUI, que Prósper (2002: 262) pom em relaçom com esta série toponímica e máis co topónimo de Mísia (Ásia Minor) Brialio.

A.5.- BERGAÇA / BERGAZA
Provavelmente Bergaça < *Brigatia. Temos um testemunho temperá deste tipo de topónimos no seguinte fragmento: 'do et concedo eidem monasterio terciam partem de casali de Bregatios' (CODOLGA: Osseira, s. XIII)
Bergaça / A Bergaza (3 hab.- Quiroga, Lugo)
Bergaça / Bergaza (20 hab.- Coles, Ourense)
Bergaças / Vergazas (16 hab.- Gomesende, Ourense)
Sam Fiz de Bergaço / Bergazo (59 hab.- Corgo, Lugo)
Bergaços / Bergazos (23 hab.- Monforte de Lemos, Lugo)
Bergaços / Bergazos (31 hab.- Lalim, Pontevedra)
Este topónimo está ausente da província da Crunha. Em Portugal:
Bergaço (Terras de Bouro, BR)
A.6.- BRIOM / BRIÓN
Topónimo frequente na costa noroeste da Galiza, máis tamém na Franza, onde acho unha dúzia deles (Brion), ou incluso em Locarno na Suíça (Brione). Hai tamém um Briones em La Rioja. O testemunho deste tipo de topónimos é moi antigo: 'ab antiquis uocitabatur Lentrobe, et nunc uocitatur Ostulata, subtus castro Brione territorio Montanos iusta riuulo Tamare' (CODOLGA: Sobrado 818). Efectivamente, a igreja de Vilouchada está situada ao sopé dum outeiro a monte, lugar do Castro no SIGPAC, de aspecto explícito:

Ver Brión, Lentobre, Vilaustulata nun mapa máis grande
  
Etimologicamente opino que som umha forma diminutiva *brig-yon- 'cotarelo / castrelo / cidadela', que tem paralelos na toponímia (Castroviom, altura menor do Castrove; Aviom, Doçom, terras altas do curso dos rios Ávia e Deça, respetivamente) e máis na antroponímia: Andamionius, filho de Andamus, numha inscriçom latina dum legionário galaico morto na Dalmácia (Vallejo 2009: 244).

Briom / Brión (107 hab.- Boiro, Crunha)

Briom / Brión (332 hab.- Rianjo, Crunha)

Briom / Brión (62 hab.- Malpica, Crunha)

Sam fins de Briom / Brión (freguesia com 1286 hab.- Briom, Crunha)

Santa Maria de Briom / Brión (freguesia com 364 hab.- Ferrol, Crunha)

Briom de Baixo / Brión de Abaixo (128 hab.- Outes, Crunha)

Briom de Cima / Brión de Arriba (94 hab.- Outes, Crunha)



A.7.- BREANCA

Com moitas dúvidas tamém, por quanto os anteriores topónimos (a nom ser Brialho, Brialhos) sugerem a preservaçom de /g/ ante /a/ tónico, pode-se propor que Breanca, documentada Brianca, procede de *Briganca, *Briganica ou *Brigantica (como Salamanca < SALAMANTICA).

Breanca (43 hab.- Vilar Maior, Crunha): 'que habeo in terra Prucios, videlicet, de villa que vocitant Briancha, medietatem integram, discurrente ad aulam Sancte Marie de Doronia' (CODOLGA: Caaveiro 1114); 'et in Prucius villa que vocitant Brianca' (CODOLGA: Caaveiro 1147)

Breanca de Carantonha (16 hab.- Minho, Crunha)

~o~o~o~



BERÇO / BIERZO.

Por último, um topónimo maior que na minha opiniom nom deriva directamente de *brig- 'monte', mais do céltico *bergā 'veiga' (cf. Ward s.v., e se nom é esta umha simples especializaçom semántica): a comarca do Bierzo ou Berço, em parte galega por fala, identidade, e sentimento, deve o seu nome a antiga mansio ou civitas de Bergido, recolhida por moitas fontes clássicas.

A evoluçom da forma galega, que devesse ter levado a **Berjo ou **Bério, tem sido influída pola da forma castelhana e leonesa. Como mostra temos actualmente o topónimo:

Berjaos / Berxaos (Verxaus em sinais de estrada) (36 hab.- Padrom, Crunha)

Ainda sem documentaçom que o valide, a sua história evolutiva resulta transparente: Berjaos < *Bergiãos < *Bergianos < *Bergidanos. Possivelmente, tem idêntica orige repovoadora que alguns outros topónimos de Leom e Zamora: Bercianos de Valverde / de Aliste / de Vidriales / del Páramo...



+BERISO, +BERISAMO, +BERENSI

Na toponímia antiga, outros topónimos, correspondentes com três castelos galaicos têm sido propostos como derivados de *brig-, no seu grado pleno *berg- 'alto' (Curchin 2008: 118; Prósper 2002: 360, nota 15):

En Lugo: FLAUS AULEDI F. CABARCUS 'C' BERISO
En Ourense : BURRUS VACISI F LIMICUS 'C' BERENSI
En Pontevedra: CAELEO CADROIOLONIS F. CILENUS 'C' BERISAMO
O primeiro seria, formalmente, um adjectivo comparativo, o terceiro, um superlativo, de berg- 'alto'. Contodo, e reconhecendo que nom tenho umha alternativa melhor, nom me convence esta etimologia, pois a forma adjectival é *bhrĝhús 'alto', e nom *bherĝhs 'altura', nominal.

Comentarios

O máis visto no último mes