Xuanzo, Xuances, Ledoño
1. Xuances é freguesia no concelho de Xove, Lugo, baixo a padroádigo de Sam
Pedro; era Juanses em 1286 e Joanses em 1291 (cf. ITGM: XUANCES). Temos tamém a aldea de Xuanzo, em Cullergondo, concelho de Abegondo.
Deste lugar temos um testemunho antigo num documento datado em 911 e relativo
ao mosteiro de Cis, e que segundo a
ediçom de Carlos Saez (GFA doc. 12) di:
“inter ambos Iohoancios. per petram que diuidit inter
Presidium [Presedo] et Ioancium [Xuanzo] et Villar”
Ambos os dous topónimos carescem de étimo latino; na
minha opiniom som formas derivadas do céltico *yowanko- 'jove, novo' (breton yowanc,
irlandés antigo óac), procedente dumha forma anterior *yuwanko- (Matasovic 2009: 436-437), e cognato
de, por exemplo, o inglês young 'novo' (do proto-germánico *junga-
'novo', Kroonen 2013: 274-275), do sánscrito yuvasa- idem, e do latino *iuvencus 'touro novo' (De Vaan 2008:
317). Cognato tamém do nosso jovenco 'almalho; touro novo', e orige do
nome de duas freguesias chamadas Xuvencos, nos concelhos do Savinhao e de
Boborás, esta última documentada como “Iouencos” em 956 (GFA doc. 58).
Em última instáncia todas estas formas procedem dum indo-europeu *h2iu-Hn-ko-,
derivado possessivo de *h2oi-u- 'vida, idade', donde tamém o antropónimo
Aio (Aio Temari) na táboa de
hospitalidade do Courel.
Voltando aos nossos topónimos célticos:
Xuances < *yowank-is
Xuanzo < Iohoancios /
Ioancium < *yowank-yo-
Xuances presenta umha desinência frequentíssima na toponímia
pré-latina galega que em principio semelha ou bem a adaptaçom dum nominativo
atemático, como em Saris < Sars (assi transmitido por Pompónio Mela: “Tamaris
secundum Ebora portum, Sars iuxta turrem Augusti titulo memorabilem”), ou bem
um locativo ou acusativo plural latino; nengumha destas opçons convencem. Pola
sua banda Xuanzo presenta um sufixo
-yo-, trivial no material indo-europeu, que provavelmente procede do acusativo
latinizado *iouanciu/*iōanciu- dum topónimo autóctone *yowankon (nominativo
singular, neutro).
Ambos teriam experimentado a mesma evoluçom. Num primeiro
momento deu-se a reduçom do ditongo ow > ō (este fenómeno estava em marchar
no hispano-celta da Galiza ao princípio da nossa era, compare-se o antropónimo Cloutius
do PIE *klewto- 'sona, fama' com Vesuclotus '(o que tem) boa sona', de
*wesu- 'bo, excelente' e *klewto- > celta *klowto- > celta galaico serôdio *klōto-;
cf. Prósper 2002: 211 e 423) o que nos levaria diretamente a umha das formas
documentadas na idade media:
*yowank-yo- -> *yōancion > Ioancium > xuanzo
(dissimilaçom das vogais em hiato)
Para Xuances:
*yowank-is > *yōancis (ow > ō) > *Ioances
(adaptaçom ao latim vulgar / romance) > Xuances.
Note-se que a palavra busto, que no passado designava um lugar ou estabelecimento para vacas,
usualmente situado num lugar elevado (para disponher de pastos verdes todo o ano?), procede dum
hispano-celta *bow-sto- ‘lugar para vacas’ > būstu-, com –ow- > -ū-.
Outros topónimos galegos pré-latinos poderiam amossar
esse mesmo fenómeno céltico, com reduçom do ditongo /ow/; como mera
possibilidade: Buazo < *Bowatyon, e pode que Luaña, Luama. Ficam para outro dia. Pola contra, outros amossam provavelmente perda de /w/ intervocálico: Noia [ˈnɔja̝]
< Novium (se é que o o tónico aberto nom foi causado por metafonia; doutro modo poderia proceder dum o longo).
Sobre a perda de w intervocálico: Ledoño, em Culheredo, era Letaonio em 830, do que deduzo que i nome deste lugar é um derivado do celta *(p)litawī- “largo, amplo”: *(p)litawonyon > *Litaonyu-
(forma proto-romance) > Letaonio > Ledoño.
BIBLIOGRAFIA:
* De Vaan, Michiel (2008). Etymological Dictionary of Latin and the other Italic Languages. Leiden: Brill. ISBN 978-90-04-16797-1.
* GFA = Sáez, Carlos
(2003) La Coruña. Fondo Antiguo
(788-1065) 1. Alcalá: Universidad de Alcalá. ISBN 84-8138-597-2.
* ITGM = Martínez Lema, Paulo e outros (2008-2012) Inventario Toponímico da Galicia Medieval (http://ilg.usc.es/itgm/).
* Kroonen, Guus (2013). Etymological Dictionary of Proto-Germanic. Leiden: Brill. ISBN 978-90-04-18340-7.
* ITGM = Martínez Lema, Paulo e outros (2008-2012) Inventario Toponímico da Galicia Medieval (http://ilg.usc.es/itgm/).
* Kroonen, Guus (2013). Etymological Dictionary of Proto-Germanic. Leiden: Brill. ISBN 978-90-04-18340-7.
* Matasovic, Ranko
(2009). Etymological Dictionary of
Proto-Celtic. Leiden: Brill. ISBN 90-04-17336-6.
* Prósper, Blanca
María (2002). Lenguas y religiones
prerromanas del occidente de la península ibérica. Salamanca: Ediciones
Universidad de Salamanca. ISBN 84-7800-818-7.
Ũa dúvida: Nom deveria daquela escrever-se «Juances»?
ResponderEliminarParabéns polo blogue.
Outro problema da tua hipótese é que non explica o topónimo cántabro Suances.
ResponderEliminarone2:
ResponderEliminarSi, Juances é a grafia histórica dessa paróquia, despois submetida a fonética castelá. Mais nom é a grafia oficial atual na nossa língua.
Ola, Octaviá :-)
Non sei se Xuanzo < Iohancio e Suances poden ter a mesma orixe etimolóxica, dado o iode inicial no topónimo galego e o s do cántabro.
Non coñezo, con todo, as grafías histórica dese nome: se Suances foi algo así como *Iuancis na idade media, daquela si houbo relación, mais se foi sempre s--ncis ou similar non vexo relación etimolóxica ningunha entrambos topónimos.